A escalada do confronto entre Israel e Irã, deflagrada em 13 de junho, após ataques israelenses a instalações militares e nucleares iranianas, reacendeu discussões sobre a eficácia do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o papel dos Estados Unidos como ator indireto, porém decisivo, e os crescentes desafios humanitários impostos pelos conflitos armados
A ofensiva de Israel, justificada pela suposta aproximação do Irã de capacidades nucleares com potencial bélico, resultou em perdas humanas e materiais de ambos os lados.
Contudo, o maior impacto político e diplomático recai sobre Israel, que, ao tomar a iniciativa militar, enfrenta críticas pela proporção de suas ações e seus efeitos colaterais sobre a população civil.
Paralelamente, a intensificação das operações israelenses na Faixa de Gaza tem causado destruição em larga escala e elevado número de vítimas, agravando a crise humanitária na região. Embora o governo israelense sustente seu direito à autodefesa, especialmente contra grupos como o Hamas, cresce a pressão internacional por maior proporcionalidade no uso da força e pelo cumprimento das convenções humanitárias.
Nesse cenário, destaca-se o papel dos Estados Unidos, que, embora não participem diretamente dos combates, mantêm uma aliança estratégica com Israel, oferecendo apoio militar, logístico e diplomático. Essa postura tem sido interpretada como um exemplo clássico de guerra por procuração, na qual uma potência evita o desgaste do envolvimento direto, mas sustenta seus aliados de forma determinante.
O Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), em vigor desde 1970, busca impedir a disseminação de armas nucleares e promover o desarmamento. Contudo, o atual conflito desafia sua credibilidade, uma vez que Israel, não signatário do tratado e com um arsenal nuclear não declarado, contrasta com o rigor imposto ao Irã, que é formalmente vinculado ao TNP.
Essa aplicação desigual das normas internacionais fragiliza a confiança em tratados multilaterais e pode desencadear uma nova corrida armamentista no Oriente Médio. Sentindo-se desprotegidos diante da ineficácia dos mecanismos de contenção, países da região podem buscar o desenvolvimento de suas próprias capacidades defensivas, comprometendo décadas de esforços diplomáticos voltados à construção de uma zona livre de armas nucleares.