A fome no Brasil é um problema persistente e complexo que afeta milhões de pessoas em todas as regiões do país. Apesar dos avanços econômicos e sociais das últimas décadas, a desigualdade e a falta de acesso a recursos básicos continuam a deixar muitos brasileiros sem a alimentação necessária para uma vida saudável.
O Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (SOFI 2024), divulgado nesta quarta-feira, 24 de julho, no Rio de Janeiro, mostra que a insegurança alimentar severa caiu 85% no Brasil em 2023. Essa insegurança alimentar severa significa que as pessoas não ingerem alimentos com uma frequência regular, podendo pular refeições ou passar dias inteiros sem comer.
Além disso, o relatório também revela que a insegurança alimentar, de forma geral, diminuiu de 8,5% no triênio 2020-2022 para 6,6% em 2021-2023, o que significa que cerca de 4 milhões de brasileiros deixaram essa condição no período.
Apesar desses dados positivos, a fome ainda é um problema nacional associado à pobreza extrema. Resolver a questão da alimentação é crucial para abordar outras desigualdades, como a falta de acesso à educação, saúde, segurança pública e ao saneamento básico.
A Prevalência de Subnutrição, outro dado relevante do relatório da ONU, indica que o Brasil ainda está no Mapa da Fome, com uma subnutrição diminuindo de 4,2% no triênio 2020-22 para 3,9% em 2021-23. O consenso entre os estudiosos da área considera que um país sai deste mapa quando esse índice fica abaixo de 2,5%.
Outra perspectiva interessante de ser observada diz respeito à atuação do Governo Lula. O presidente, em seus primeiros mandatos, adotou o combate à fome como principal bandeira da sua gestão. De 2003 até o final de 2010, o presidente utilizou o boom econômico do país para reduzir a fome que, naquele momento, assolava mais de 50 milhões de brasileiros. Uma década depois, ao reassumir o controle do país, a fome ainda era um problema significativo devido aos impactos econômicos e sociais da pandemia de covid-19. Isso exigiu uma atuação contundente do governo no combate à fome, desta vez, em um cenário político e econômico completamente diferente do de 2003.
Solucionar o problema da fome é o primeiro passo para atacar os demais problemas ligados à desigualdade. Não é possível avançar enquanto sociedade, se as pessoas ainda estão preocupadas se terão ou não o que comer. Debates sobre a regulamentação das redes sociais, o desenvolvimento industrial, a ampliação da infraestrutura viária e outros temas contemporâneos perdem relevância se a população ainda luta para garantir sua alimentação básica.
Texto: Gabriel Lana