Congresso debate a regulamentação do trabalho por aplicativos – Conjuntura Republicana Ed. nº 217

Congresso debate a regulamentação do trabalho por aplicativos – Conjuntura Republicana Ed. nº 217

No Brasil, os trabalhadores por aplicativo já representam uma parcela expressiva da força de trabalho, com cerca de 2,2 milhões de pessoas atuando nessa modalidade em 2024. Esse cenário evidencia a urgência de uma regulamentação que esteja em sintonia com a realidade desses profissionais, transformando o tema em uma das prioridades da agenda política nacional

Nesse contexto, o deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE), relator da comissão especial criada para discutir a regulamentação do setor, tem sido uma figura importante. O parlamentar busca instalar o colegiado antes do recesso parlamentar de julho, com a expectativa de que o projeto seja votado ainda em 2025.

O projeto da comissão visa abranger todas as categorias de aplicativos (motoristas, entregadores e prestadores de serviços diversos, como os do setor imobiliário), com foco na oferta de seguros e proteção previdenciária. O objetivo é criar uma nova categoria: o trabalhador autônomo por plataforma, que não configura vínculo empregatício nos moldes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas garante o acesso a direitos essenciais.

Após a rejeição do Projeto de Lei Complementar (PLP) 12/2024, elaborado pelo governo, que não teve boa aceitação entre os motoristas e acabou saindo do radar de votações, o Congresso Nacional passou a conduzir o debate. Com isso, busca preencher o vácuo legislativo e evitar que o tema seja decidido diretamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A realidade dos trabalhadores por aplicativo revela diversos desafios. Muitos são altamente dependentes das plataformas, que controlam a distribuição de corridas, a remuneração e a relação com os clientes. Além disso, enfrentam jornadas exaustivas, falta de proteção social e de saúde, baixa contribuição previdenciária e falta de amparo em casos de acidentes. Essa dualidade é a essência do dilema regulatório.

O modelo de trabalho por aplicativo também reflete a percepção de mercado das gerações mais jovens, que valorizam autonomia, flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. O atual debate legislativo busca, portanto, estabelecer um conjunto mínimo de direitos compatíveis com a lógica das plataformas, promovendo condições mais seguras e dignas para uma categoria de trabalhadores em constante expansão, sem, contudo, replicar as estruturas tradicionais e mais rígidas da CLT.

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