Grupo reúne potências emergentes com agenda econômica, diplomática e energética, além de ampliar sua influência global com eventos como a Cúpula da Juventude, realizada no Brasil
O BRICS teve origem no início dos anos 2000, quando o economista Jim O’Neill, do Goldman Sachs, cunhou o termo BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China) para designar quatro das principais economias emergentes no mundo, àquela época. Antes disso, blocos como RIC (Rússia, Índia, China) e IBSA (Índia, Brasil, África do Sul) já apontavam para uma coalizão de potências do Sul Global.
O primeiro encontro diplomático aconteceu em 2006, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), consolidando-se com a primeira cúpula oficial em 2009, em Ecaterimburgo, na Rússia. Naquele momento, a crise financeira global impulsionou o grupo a exigir uma maior participação nos fóruns multilaterais e a repensar o domínio do dólar em escala global, uma vez que a desvalorização da moeda norte-americana atingia diretamente algumas dessas economias emergentes.
Motivações
O grupo nasceu da busca por voz e autonomia internacional, especialmente diante das grandes potências ocidentais. Seus objetivos-chave incluem buscar maior representação em instituições globais (ONU, Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial), coordenar políticas econômicas, comerciais e financeiras, incluindo propostas para uma moeda de reserva alternativa e criar mecanismos próprios de cooperação, como o Banco dos BRICS (New Development Bank) e o CRA (Contingent Reserve Arrangement ou Acordo de Reservas Contingentes), que mantém um fundo comum de US$ 100 bilhões.
Inserido no contexto de um mundo cada vez mais multipolar, o BRICS busca contrabalançar o sistema liderado pelos EUA e Europa. Especialmente após sanções impostas à Rússia, o grupo serviu como uma “ilha de apoio diplomático” para membros isolados pelo Ocidente. Em 2021, apoiou o Brasil diante das críticas internacionais e, em 2014, evitou o isolamento da Rússia após a anexação da Crimeia.
Principais ações de destaque do grupo de países:
- Criação de instituições financeiras próprias (Banco dos BRICS e CRA);
- Projetos conjuntos como sistemas de pagamentos alternativos (PIX, por exemplo), bolsa de cereais, câmbio com moedas locais e divisa digital;
- Articulações em fóruns ambientais, de saúde, de segurança alimentar e energética;
- Mobilização de apoio político embasado em princípios de multilateralismo, combatendo sanções unilaterais de grandes economias;
Ajuda mútua e juventude
O grupo facilita a cooperação Sul–Sul, com trocas acadêmicas, investimentos em infraestrutura, acordos energéticos e diplomáticos. No corrente ano, o Brasil usou o BRICS para equilibrar sua relação com os EUA e China, além de promover cooperação em segurança alimentar, clima e desenvolvimento sustentável. Instrumentos como o CRA oferecem rede de segurança financeira em crises de liquidez.
Recentemente, entre os dias 9 e 10 de junho de 2025, Brasília sediou a 11ª Cúpula da Juventude do BRICS+ e a 7ª Cúpula de Energia da Juventude do BRICS. Participaram 11 países do BRICS+, incluindo novos membros como Indonésia, Irã e Arábia Saudita. O foco do encontro foi debater sete eixos temáticos, sendo eles educação, saúde, meio ambiente, juventudes e mercado de trabalho. Já na sessão de energia, os jovens representantes dos países debateram sobre transição energética justa, financiamento para energia limpa, acesso à eletricidade e inovação tecnológica, preparando o relatório “Panorama Energético da Juventude BRICS 2025”, que será lançado na COP 30, em Belém-PA.
Texto: Arnaldo F. Vieira – Ascom Subseção/SP
Revisão: Tamires Lopes – Ascom FRB
Crédito da Imagem: Gov.br