Jogos, quizzes, desafios e enigmas deixaram de ser vistos como distrações e passaram a ser aliados das salas de aula
Professores brasileiros têm incorporado elementos de jogos ao ensino para aumentar o engajamento e a motivação dos estudantes, cada vez mais imersos em telas e tecnologia. Conhecida como gamificação, essa metodologia utiliza competições, pontuações, recompensas e outras dinâmicas lúdicas para tornar o aprendizado mais envolvente e eficaz, aproximando a educação da realidade digital dos alunos.
Um dos principais atrativos da gamificação é o aumento da motivação e da participação dos estudantes. Ao trazer mecânicas típicas dos games para as aulas, o processo de ensino se torna mais dinâmico e interativo, rompendo com a rotina do modelo tradicional. Envolvidos em desafios e recompensas, os alunos se empenham mais e participam ativamente das atividades, demonstrando maior interesse em aprender e realizar novas tarefas gamificadas.
O uso de jogos na educação tende a crescer. Estimativas apontavam um aumento de 15% nesse mercado entre 2019 e 2024. Para muitos educadores, a metodologia representa um caminho promissor para tornar o ensino mais atrativo e eficiente. “A gamificação na educação é uma estratégia promissora para superar os desafios do ensino, promovendo o engajamento dos alunos a partir de técnicas de aprendizado envolventes”, destaca o artigo Gamificação na Educação: entenda como a estratégia auxilia o ensino, publicado pela PUCRS Online em dezembro de 2023.
Além do fator motivacional, há ganhos concretos no processo de aprendizagem. A combinação de desafios, feedback imediato e interação favorece a assimilação dos conteúdos, tornando o ensino mais efetivo. Também se destaca o desenvolvimento da autonomia: ao assumir o papel de “jogadores”, os estudantes tornam-se protagonistas do próprio aprendizado, tomando decisões e encontrando soluções de forma independente.
Técnicas
Ao incluir atividades colaborativas e narrativas envolventes, a gamificação estimula competências socioemocionais, como trabalho em equipe e persistência, além de associar o estudo a uma experiência prazerosa. Diversas estratégias vêm sendo aplicadas do ensino fundamental ao médio. Entre as principais estão:
- Pontuação e rankings: os alunos acumulam pontos ao realizar tarefas e acompanham o progresso em um placar, estimulando uma competição saudável e motivadora;
- Quizzes e desafios interativos: questionários digitais e puzzles (quebra-cabeças) permitem revisar conteúdos de forma divertida. Plataformas como o Kahoot possibilitam ao professor a criação de disputas em tempo real;
- Missões e narrativas: o aprendizado pode ser estruturado como uma “jornada”, com fases e personagens que contextualizam o conteúdo e engajam alunos com perfil criativo;
- Feedback imediato e tempo limitado: jogos educacionais oferecem retorno instantâneo sobre o desempenho (acertos e erros), permitindo correções rápidas. Já os desafios com tempo restrito estimulam foco e agilidade.
Além disso, existem diversas plataformas gamificadas disponíveis para as escolas. Exemplos incluem o Minecraft Edu, que explora conteúdos em um mundo virtual; o Matific, com minijogos de matemática; e o ENEM Game, lançado pelo Ministério da Educação, que transforma questões do exame nacional em desafios interativos. Essas iniciativas aproximam a escola do universo digital dos estudantes.
Recompensas, pontuação e motivação
Um dos pilares da gamificação é o uso de recompensas para reforçar comportamentos desejados. No contexto educacional, podem ser pontos, medalhas virtuais ou pequenos prêmios simbólicos. A ideia é reconhecer o esforço do aluno imediatamente: ao completar um desafio ou responder corretamente, ele vê seu progresso valorizado. Esse sistema incentiva a continuidade do engajamento e reforça a sensação de avanço na aprendizagem.
O ranking ou placar acrescenta um componente de competição que, quando bem dosado, é saudável e estimulante. Cada aluno busca melhorar sua própria performance e subir de posição, em vez de focar apenas em “derrotar” os colegas. É importante equilibrar esses elementos para que o jogo não ofusque o aprendizado nem se torne desinteressante.
Geração digital
Os alunos de hoje cresceram em meio a dispositivos eletrônicos e jogos virtuais, o que torna os métodos tradicionais menos atrativos. A gamificação conecta a educação à linguagem dessa geração: ao trazer a lógica dos games para a sala de aula, o ensino passa a “falar a língua” dos nativos digitais e a ser visto como algo prazeroso e recompensador. Ao mesmo tempo, essa abordagem se insere nas metodologias ativas de ensino, em que o estudante deixa de ser passivo e assume o papel de protagonista, enquanto o professor atua como mediador do processo.
Texto: Arnaldo F. Vieira – Ascom Subseção/SP
Revisão: Tamires Lopes – Ascom FRB
Crédito da imagem: Internet