Informe-se

Arquitetura Sustentável deixa o papel e transforma cidades

Telhados verdes, edifícios que produzem sua própria energia e bairros planejados com foco ambiental. Casos no Brasil e no mundo mostram que construções sustentáveis já são realidade e apontam caminhos para obras públicas mais ecológicas e inclusivas

 

A arquitetura sustentável ganha espaço ao adotar práticas que respeitam o meio ambiente e promovem eficiência energética. Do reuso de água à geração de energia limpa, diferentes projetos comprovam que é possível construir com baixo impacto ambiental sem abrir mão do conforto.  

Cada região adapta soluções às suas condições locais, utilizando materiais regionais, técnicas bioclimáticas e recursos tecnológicos para integrar edificações à natureza. Estratégias como painéis solares, telhados verdes, ventilação natural e uso de materiais reciclados tornam construções mais sustentáveis e reduzem o consumo de recursos naturais. 

Exemplos não faltam. No Brasil, obras como o Palácio Rio Negro (Manaus), o Complexo Educacional Parque Dunas (Natal), a sede do SEBRAE (Brasília) e a Casa Gilberto Petry (Porto Alegre) demonstram que eficiência ambiental pode caminhar junto da arquitetura tradicional e moderna. Essas construções utilizam iluminação e ventilação naturais, painéis solares, telhados verdes, isolamento térmico e aproveitamento da água da chuva, garantindo conforto e economia em climas que vão do úmido Amazônico ao frio Sul. 

No cenário internacional, o Vancouver Convention Centre West (Canadá) foi o primeiro centro de convenções a conquistar a certificação LEED Platinum, com telhado verde de 24 mil m² e sistema de resfriamento por água do mar. Já a Olympic House, sede do COI (Suíça), recebeu três das certificações ambientais mais exigentes do mundo, provando que grandes projetos podem alcançar autossuficiência energética e hídrica. Alguns prédios chegam até a gerar mais eletricidade do que consomem, devolvendo o excedente à rede. 

Não apenas grandes obras se destacam. Em menor escala, residências experimentais evidenciam o potencial sustentável. A NexusHaus, por exemplo, é uma casa protótipo desenvolvida por estudantes da Alemanha e dos EUA e é capaz de gerar 100% da energia que consome por meio de painéis solares (inclusive para carregar um veículo elétrico), além de reaproveitar quase toda a água utilizada, com captação de chuva e tratamento de águas cinzas. Projetos assim mostram que é possível construir de forma sustentável a custos acessíveis, rompendo paradigmas das moradias tradicionais. 

Soluções urbanas sustentáveis  

Nas cidades, a arquitetura sustentável ultrapassa os edifícios individuais e alcança o planejamento urbano. Em Medellín, na Colômbia, o projeto Corredores Verdes transformou dezenas de vias com arborização massiva: mais de 600 árvores e milhares de plantas nativas reduziram em até 2 °C a temperatura nas áreas atendidas. Já no Rio de Janeiro, jardins de chuva substituem o asfalto por canteiros projetados para absorver e filtrar a água, ajudando a evitar enchentes em pontos críticos. Além de reduzir calor e alagamentos, essas soluções recuperam a biodiversidade, melhoram a qualidade do ar e oferecem espaços públicos mais agradáveis.  

Infraestruturas verdes de parques lineares a calçadas arborizadas e ciclovias complementam a arquitetura sustentável em nível comunitário. Elas demonstram que a sustentabilidade urbana não depende apenas de alta tecnologia, mas também do resgate de elementos naturais no desenho das cidades. 

Sustentabilidade e Políticas Públicas 

O avanço da arquitetura sustentável indica que essas práticas tendem a se tornar padrão, sobretudo em obras públicas. Telhados vivos, energia solar, coleta de chuva e materiais ecológicos já figuram entre as recomendações para projetos governamentais e de habitação social. Em Minas Gerais, por exemplo, conjuntos do Minha Casa Minha Vida receberam placas solares, reduzindo a conta de luz de famílias de baixa renda, um modelo que poderia ser ampliado nacionalmente.  

Além do aspecto ambiental, a sustentabilidade futura precisa ser também social. Construções “verdes” devem ser acessíveis desde sua concepção. Conceitos de desenho universal, como rampas, elevadores e banheiros adaptados, garantem que todos usufruam dos benefícios da arquitetura sustentável. Essa perspectiva inclusiva dialoga com as metas globais da ONU para cidades resilientes e acessíveis.  

Por fim, incorporar critérios sustentáveis nas obras não é apenas uma medida ambiental, mas um investimento estratégico. Embora algumas soluções elevem o custo inicial, no longo prazo, edificações eficientes geram economia de água e energia, reduzem gastos em saúde pública e valorizam os bairros. São benefícios coletivos que superam amplamente o investimento. 

 

Texto: Arnaldo F. Vieira – Ascom Subseção/SP 

Revisão: Tamires Lopes – Ascom/FRB  

Crédito da imagem: Internet 

Receba a Conjuntura Republicana Semanalmente