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Hidrogênio verde: combustível limpo impulsiona a revolução energética no Brasil

Brasil investe na produção de hidrogênio a partir da água com uso de energias renováveis, mirando a redução de emissões, novos mercados e a transição para uma economia sustentável

Em Santa Catarina, um projeto pioneiro mostrou que é possível produzir combustível limpo a partir da água. A usina piloto, inaugurada em 2023, simboliza a entrada do Brasil em uma nova era da energia sustentável, fruto de uma parceria com a Alemanha. A tecnologia aplicada é a eletrólise da água: uma corrente elétrica proveniente de fontes renováveis (como solar e eólica) separa o hidrogênio do oxigênio, sem liberar gases poluentes. O resultado é o chamado hidrogênio verde, um combustível de emissão zero de carbono, cuja única “sobra” é vapor d’água.  

Esse processo contrasta com a produção tradicional de hidrogênio, obtida a partir do gás natural e associada a elevadas emissões de CO₂. A proposta do hidrogênio verde é justamente substituir os métodos convencionais, oferecendo uma alternativa limpa e versátil para setores diversos, como indústrias, transportes e geração elétrica. A Petrobrás, por exemplo, já anunciou um projeto no Rio Grande do Norte, previsto para 2026, que utilizará energia solar em sua cadeia produtiva.  

Do ponto de vista ambiental, o hidrogênio verde apresenta vantagens relevantes. Além de não gerar CO₂ em sua produção ou utilização, pode ser armazenado e empregado em momentos de maior demanda energética, funcionando como uma espécie de “bateria” para a matriz renovável. Nos centros urbanos, pode abastecer veículos como ônibus e trens movidos a célula combustível, com emissão zero de poluentes e significativa redução de ruídos e impactos à saúde.  

Na indústria, o hidrogênio verde surge como alternativa aos combustíveis fósseis em setores de difícil eletrificação, como a produção de aço, cimento e fertilizantes. Esse avanço abre caminho para a descarbonização da economia, essencial para o cumprimento de metas ambientais e para manter a competitividade brasileira na exportação de produtos sustentáveis. Países como Alemanha, Japão e Austrália já investem fortemente nessa agenda, e o Brasil se destaca como potencial fornecedor global, devido à abundância de fontes renováveis e ao baixo custo de geração.  

O cenário interno também é favorável. A matriz elétrica brasileira já é majoritariamente renovável, o que facilita a integração do hidrogênio verde. Em 2022, foi criado o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), que definiu diretrizes para pesquisa, certificação e incentivo à produção. Em 2024, entrou em vigor o marco legal do hidrogênio, estabelecendo regras para produção, transporte e benefícios fiscais à cadeia produtiva. Estados como Ceará, Bahia e Piauí já desenvolvem projetos em parceria com empresas e governos estrangeiros, consolidando os primeiros hubs nacionais de exportação e consumo local. 

Assim, o hidrogênio verde se fortalece como vetor estratégico da transição energética no Brasil. Sua adoção pode gerar empregos, atrair investimentos e reposicionar o país no cenário mundial da energia, agora com protagonismo sustentável e alinhado às metas climáticas globais. O desafio será garantir avanços regulatórios, fomentar inovação tecnológica e assegurar que essa revolução alcance toda a sociedade, por meio de transporte público limpo, industrialização sustentável e fornecimento de energia a regiões isoladas. 

Mais do que um combustível do futuro, o hidrogênio verde já ocupa espaço central nas políticas ambientais e econômicas atuais. Cabe ao poder público transformar esse potencial em benefícios concretos para o Brasil e para as próximas gerações. 

 

Texto: Arnaldo F. Vieira – Ascom Subseção/SP 

Revisão: Tamires Lopes – Ascom/FRB 

Crédito da imagem: Pinterest 

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