02 de outubro de 2018 | 12h37
A pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada na segunda-feira, 1, indica que 12% dos eleitores pretendem votar em branco ou em nulo para presidente no domingo. É o maior índice em levantamentos feitos na reta final do primeiro turno dos últimos anos. Em 2014, apenas 5% dos entrevistados pretendiam anular. Em 2010 e 2006 esse número foi de 4%. Em 2002, de apenas 3%.
Analistas atribuem essa alta a três fatores. O primeiro deles é a polarização, que se traduz no alto grau de rejeição aos dois polos que lideram as pesquisas: o petismo, representado em Fernando Haddad (PT) e o antipetismo, identificado em Jair Bolsonaro (PSL).
Aliado a esse fenômeno, cientistas políticos veem uma certa instabilidade nessas duas candidaturas, relativamente recentes no cenário nacional. Por fim, o desgaste que a política tradicional enfrenta no País desde 2013, com as manifestações de junho, seguido da Operação Lava Jato e o impeachment da presidente Dilma Rousseff aumentou a rejeição aos partidos tradicionais.
“É uma batalha de rejeição. As pessoas não estão defendendo um candidato, elas estão evitando que a outra ideia prevaleça”, diz Kleber Carrilho, professor da Universidade Metodista de São Paulo. “As pesquisas estão mostrando uma instabilidade (em razão disso).”
Para o cientista político Rodrigo Prando, do Mackenzie, a rejeição também tem papel importante. “Você não vota na proposta de alguém, mas contra alguém”, diz. “É um fenômeno interessante. É um voto com base na rejeição e eu tendo a crer que no segundo turno esse porcentual deve ser alto também.”
“Os candidatos que lideram as pesquisas têm uma certa fragilidade em termos de construção. Em 2002, por exemplo, o Lula e o Serra eram conhecidos e todo mundo conhecia o posicionamento de cada um”, acrescenta Carrilho. “Um deles substitui o Lula de repente e a resposta antipetista, o Bolsonaro, não era um candidato viável há até pouco tempo.”
Prando ainda considera o desgaste da política tradicional como um fator para o aumento dos votos brancos e nulos. ” O desgaste da política foi acentuado pela posição dos dois primeiros colocados de relativizar as instituições democráticas”, diz. “De um lado a narrativa do PT de que eleição sem Lula é fraude e do outro a de Bolsonaro de que ele não reconhecerá a derrota.”