Origem do conceito impulsiona a mudança global das matrizes energéticas e ganha força no Brasil com programas de renováveis, hidrogênio e justiça climática
A transição energética é um conceito atual que representa a substituição gradual de combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas, eficientes e sustentáveis, promovendo ampla reestruturação dos sistemas energéticos. O termo envolve não apenas a geração, mas também o consumo, a distribuição e a reutilização de energia, visando à descarbonização, segurança energética e ao enfrentamento das mudanças climáticas.
Historicamente, o uso de carvão, petróleo e gás seguiu etapas de adoção (as “adições energéticas”), mas a transição em curso é qualitativamente distinta: trata-se de uma transformação estrutural, impulsionada por tecnologias renováveis, políticas ambientais e marcos regulatórios. Sua relevância global decorre da urgência em reduzir emissões de gases de efeito estufa, ampliar a eficiência energética e garantir acesso à energia em consonância com os ODS da ONU.
No Brasil, essa mudança já é perceptível. Cerca de 90% da matriz elétrica vem de fontes renováveis (principalmente hidrelétricas, seguidas por eólica e solar), colocando o país na liderança do G20 em sustentabilidade energética. No total da matriz, as renováveis representam aproximadamente 49%.
Nos últimos anos, o país ingressou em uma “segunda onda” da transição, diversificando sua matriz com hidrogênio verde, biocombustíveis sustentáveis (SAF) e metanol limpo. Programas como o Nacional de Hidrogênio e o MOVER (Mobilidade Verde e Inovação) estimulam inovação, descarbonização do transporte e incentivos para veículos elétricos e produção nacional de tecnologias limpas.
Destaca-se também a atuação conjunta de agentes públicos e privados. A Petrobrás, por exemplo, busca equilibrar petróleo e gás com expansão de fontes renováveis e inclusão social, em linha com o Plano de Transformação Ecológica, que articula agricultura, indústria, finanças e energia em uma agenda de baixo carbono. Além disso, títulos verdes, linhas de crédito ESG, apoio do BNDES e plataformas de investimentos climáticos já mobilizaram bilhões no setor.
Apesar dos avanços, persistem desafios: ampliar a geração descentralizada (com mais comunidades energéticas), acelerar o acesso ao hidrogênio verde e assegurar uma transição justa, que preserve empregos, renda e equilíbrio regional. A COP30, que acontecerá em Belém-PA, prevista para novembro, deve reforçar esse debate ao integrar justiça social e metas climáticas ousadas.
Assim, o Brasil conta com uma matriz de elevada renovabilidade e políticas robustas que indicam uma transição acelerada. Para consolidar esse caminho, será crucial fortalecer instituições, expandir tecnologias limpas emergentes, aprimorar regulações e garantir que os benefícios alcancem toda a sociedade.
Texto: Arnaldo F. Vieira – Ascom Subseção/SP
Revisão: Tamires Lopes – Ascom/FRB
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