Fraude no INSS coloca Planalto em crise – Conjuntura Republicana Ed. nº 210

Fraude no INSS coloca Planalto em crise – Conjuntura Republicana Ed. nº 210

Nas últimas semanas, as investigações realizadas pela Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) revelaram um suposto esquema de corrupção no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no qual entidades teriam desviado recursos de aposentados e pensionistas.

Segundo a PF e a CGU, sindicatos e entidades associativas teriam cobrado indevidamente de aposentados e pensionistas cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

As investigações conduzidas pela PF surgem em um momento delicado para o Governo Federal. A última pesquisa sobre a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, mostra que a maioria dos eleitores de São Paulo (63,1%) desaprova a gestão petista. Embora o resultado da pesquisa ainda não reflita a opinião dos eleitores após as investigações das fraudes no INSS, ela já demonstra um cenário de fragilidade para o mandato do atual presidente. As repercussões do crime contra aposentados e pensionistas tendem a permanecer em alta nas próximas semanas e a eventual instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) deverá estender ainda mais a exposição da imagem do Governo Federal.

O suposto caso de corrupção já resultou nas quedas do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.

Apesar de representar o maior risco para o Governo, a instalação de uma CPI, que pode ser amplamente dominada pela oposição, enfrenta baixa probabilidade de ocorrer de imediato, devido à existência de pelo menos outras doze comissões de inquérito aguardando na fila. Ainda assim, a senadora Damares Alves (Republicanos/DF) e a deputada Coronel Fernanda (PL/MT) têm articulado a coleta de assinaturas para instaurar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), o que poderia antecipar o processo de investigação, contornando a fila das demais CPIs. Nesse cenário, a bancada governista também lida com o risco de esvaziamento entre os aliados. A recente saída do PDT da base enfraquece o apoio do Planalto no parlamento, agravando o desgaste político. Além disso, a possível instalação de uma CPI ou CPMI pode associar os casos de corrupção no INSS ao PT, justamente em um ano pré-eleitoral, aumentando a pressão sobre o Governo.

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