Evento sobre reconhecimento global e esperança ambiental acontecerá em novembro, no Museu do Amanhã, situado no Rio de Janeiro
O Brasil será a capital mundial das soluções ambientais em 2025. O Prêmio Earthshot, uma das principais iniciativas internacionais dedicadas à preservação do planeta, acontecerá pela primeira vez no país, tendo como palco o simbólico Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Criado pelo Príncipe William, do Reino Unido, o prêmio tem se consolidado como uma plataforma global de incentivo a ideias práticas e transformadoras voltadas ao enfrentamento das urgentes crises climáticas e ambientais do século XXI.
O Earthshot Prize foi lançado em 2020, mas sua origem remete a uma inspiração histórica. O nome faz referência ao célebre “moonshot”, termo cunhado nos anos 1960 para descrever a ambiciosa meta do então presidente norte-americano John F. Kennedy de levar o homem à lua. Assim como aquele desafio impulsionou avanços científicos e tecnológicos de impacto duradouro, a proposta de William é lançar “Earthshots”, metas audaciosas para restaurar o meio ambiente e proteger o planeta ao longo desta década crucial.
Com apoio da Royal Foundation e do naturalista Sir. David Attenborough, o prêmio estabelece cinco objetivos fundamentais até 2030:
- Proteger e restaurar a natureza;
- Limpar o ar;
- Reviver os oceanos;
- Construir um mundo livre de resíduos;
- Consertar o clima.
A cada ano, cinco vencedores recebem 1 milhão de libras esterlinas cada um (cerca de R$ 7 milhões), além de suporte técnico, mentoria e acesso a uma rede internacional de inovação e impacto.
Inovações
Desde sua primeira edição, o Earthshot tem revelado soluções surpreendentes, com aplicação concreta e potencial de escala. Em 2021, a cerimônia inaugural em Londres premiou, por exemplo, a Costa Rica, pelo sucesso de suas políticas de reflorestamento que multiplicaram a cobertura florestal do país. Também foram homenageados o projeto de hidrogênio verde da Enapter (Alemanha) e o Coral Vita (Bahamas), iniciativa inovadora de cultivo rápido de recifes de coral.
Em 2022, em Boston, chamou atenção o trabalho de Charlot Magayi, do Quênia, que criou um fogão limpo que reduz em até 90% a emissão de poluentes tóxicos em comunidades carentes, um impacto direto na saúde de milhares de mulheres e crianças africanas.
Já em 2023, em Singapura, entre os vencedores estavam o projeto indiano S4S Technologies, que ajuda agricultoras a conservar alimentos com energia solar, e a Accion Andina, aliança latino-americana que promove o reflorestamento andino com envolvimento das comunidades locais.
Na edição mais recente, realizada em 2024 na Cidade do Cabo, África do Sul, foram celebradas iniciativas como o Keep IT Cool, que utiliza tecnologia para conservação sustentável de alimentos; a GAYO (Ghana), que mobiliza juventudes africanas para a ação climática; e a coalizão High Ambition for Nature and People, voltada à conservação de 30% das áreas naturais da Terra até 2030.
Por que o Brasil?
O anúncio de que o Earthshot 2025 acontecerá no Brasil veio diretamente do Príncipe William, durante a cerimônia de premiação na África do Sul, no dia 24 de junho. A escolha do Rio de Janeiro foi estratégica e simbólica. O Brasil é uma das maiores potências ambientais do planeta, com a maior biodiversidade do mundo, uma matriz energética majoritariamente renovável e protagonismo internacional nas discussões sobre clima e desenvolvimento sustentável. Além disso, a cerimônia será realizada às vésperas da COP-30, conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) que ocorrerá em Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro do corrente ano. A aproximação entre os dois eventos sinaliza um alinhamento importante entre iniciativas governamentais, privadas e da sociedade civil em torno da pauta ambiental.
Segundo o Príncipe William, trazer o Earthshot ao Brasil é também “um reconhecimento ao papel fundamental que os países do Sul Global têm na construção de um futuro sustentável para todos”. Para ele, salvar o planeta “é um jogo coletivo”, que precisa de líderes locais, tecnologias acessíveis e soluções enraizadas na cultura e na realidade dos territórios.
O Prêmio representa mais do que uma cerimônia anual: é um movimento global que aposta na ciência, na criatividade e na cooperação para reverter os danos ambientais acumulados nas últimas décadas. Ao sediar o evento no Museu do Amanhã, com sua arquitetura futurista e vocação para o pensamento ecológico, o Brasil se coloca no centro desse esforço, com a oportunidade de mostrar ao mundo sua capacidade de liderar uma agenda ambiental que seja, ao mesmo tempo, inclusiva, inovadora e eficiente.
Texto: Arnaldo F. Vieira – Ascom Subseção/SP
Revisão: Tamires Lopes – Ascom FRB
Crédito da Imagem: @invoga