Categoria: Artigos

  • Eleições municipais em 2020: adiamento ou unificação?

    Diante do cenário de crise da pandemia do novo coronavírus que levou o Brasil a se preparar para uma situação de guerra, a luta pela redução dos impactos da Covid-19 fez com que os diferentes níveis do governo tomassem atitudes emergenciais. Dentre elas, citam-se as medidas de quarentena, criação de hospitais de campanha, salários emergenciais e linhas de crédito para empresários. Em meio a tantas mudanças e incertezas, a grande questão que nos ocorre é: como ficará a dinâmica das eleições municipais de 2020? Tal pergunta deverá ser respondida pelas instituições brasileiras nos próximos dias. E foi pensando nisso que a Fundação Republicana Brasileira – FRB, como organização auxiliadora do processo democrático, buscou por meio deste artigo apresentar uma análise das possíveis consequências do adiamento ou unificação das eleições municipais.

    As vicissitudes apresentadas diante dessas duas possibilidades são diversas e implicam em questões jurídicas no que tange à constitucionalidade e ao posicionamento diferenciado por grupos de interesses no Congresso Nacional, sendo assim, vale analisar os pontos positivos e negativos de cada eventualidade destacada.

    Em meio a este cenário, é possível verificar uma parcela reduzida de políticos propondo a prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos até 2022, mediante à unificação das eleições. Além disso, almejam-se que os R$ 2 bilhões do fundo eleitoral sejam direcionados ao combate ao novo coronavírus. No entanto, recentemente a Câmara dos Deputados – CD inadmitiu emendas que visavam tal objetivo durante a votação do “orçamento de guerra”.

    É sabido também que caso a pandemia se estenda até julho ou agosto, as eleições podem ser adiadas, pois é nesse período que acontecem as convenções partidárias, etapa importantíssima do processo eleitoral, embora, muitas vezes, alheia aos cidadãos. Desse modo, para que ocorra a prorrogação do mandato dos prefeitos até 2022, sendo realizada uma eleição unificada ou mesmo a postergação das eleições municipais de 2020, é necessário que o Congresso aprove uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) alterando as datas das eleições. E isso não é uma atividade fácil, já que uma PEC pode ser proposta por no mínimo um terço (1/3) do Senado ou da Câmara, pelo presidente da República ou por metade de todas as Assembleias Legislativas dos Estados. Além disso, para sua apreciação exige-se a aprovação de três quintos (3/5) da casa emissora e revisora em dois turnos de votações em cada instância.

    Tendo em vista tais possibilidades, vale argumentar que as eleições municipais têm sua importância no que diz respeito às discussões locais, as quais não devem ocupar os mesmos espaços das discussões políticas de âmbito nacional, sendo assim, a não realização das eleições municipais poderia entre outras coisas favorecer um distanciamento ainda maior da sociedade brasileira das discussões políticas, principalmente dos problemas regionais. Além disso, aqueles que são contrários à unificação defendem que a adoção dessa medida pode confundir a cabeça do eleitor, pois as pessoas deverão ter que digitar mais dois números na urna eletrônica.

    Por outro lado, analisando o aspecto democrático, uma reforma constitucional dessa natureza em meio à crise provocada pela Covid-19 inviabilizaria o debate democrático. Assim, os opositores à unificação das eleições afirmam que tomar tal atitude seria uma forma de imposição da classe política sem que houvesse uma abertura para a opinião pública.

    A respeito desse assunto, o então ministro do STF, Luís Roberto Barroso, o qual assumirá a presidência do TSE em maio, argumenta é prematuro a ideia de cancelar a eleição municipal, mas admite a possibilidade de adiamento de outubro para no máximo dezembro. Contudo, na visão de Barroso a unificação das eleições municipais é desastrosa para a democracia, haja visto que a prática das eleições é um elemento vital ao processo democrático. Assim, o ministro afirma que a definição deste caso ficará a cargo do Congresso Nacional, a quem compete aprovar a emenda constitucional.

    Por todo o exposto, não há dúvidas de que a modificação das regras eleitorais é uma atividade bastante árdua. Alguns dirão que contrariar o que a Constituição regulamenta a respeito da periodicidade das eleições, mesmo diante da pandemia que vivemos, é negar os princípios democráticos e republicanos. Aliás, o poder emana do povo por meio do voto direto, e isso violaria seu respectivo direito de eleger seus representantes pelo prazo previamente delimitado pela Carta Magna.

    Em suma, o melhor caminho a seguir é conhecer os trajetos e os cenários de possibilidades frente a evolução da pandemia no Brasil e a grave crise de saúde pública que estamos atravessando. A opção mais acertada deve ser aquela que conseguir conciliar da melhor forma possível o respeito às instituições, sem deixar de considerar a gravidade do problema que hoje atinge o mundo inteiro. Portanto, seja pela unificação ou adiamento, o rumo das eleições municipais deve contar com a participação do cidadão.

    Afinal, juntos seremos mais fortes!

     

    Referencial Bibliográfico

    ISTOÉ. Edição Nº 2620 27/03. 2020. Disponível em: https://istoe.com.br/pleito-ameacado/ e https://istoe.com.br/a-ideia-de-prorrogacao-de-mandatos-e-aterradora/

    Revista Consulto Jurídico, 25 de março de 2020. Emenda Constitucional. É inconstitucional adiar as eleições e discussão é inoportuna, dizem advogados. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-mar-25/inconstitucional-adiar-eleicoes-discussao-inoportuna

    Revista Consulto Jurídico, 27 de março de 2020. Opinião. Unificar eleições municipais e gerais por causa da Covid-19 prejudicaria a democracia. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-mar-27/leonardo-moraes-unificar-eleicoes-prejudicaria-democracia

     

    Material produzido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa (NEP) da Fundação Republicana Brasileira.

  • Dinheiro do povo para o povo

    Olá, republicanos de todo Brasil!

    Qualquer brasileiro que precise dos serviços públicos, seja nas áreas da saúde, educação ou segurança, tem a forte impressão de que a dinheirama arrecadada com impostos não retorna com a qualidade que deveria. As pessoas que não têm condições de pagar (pela segunda vez) por um plano de saúde, uma escola particular ou até mesmo pelo reforço na segurança são obrigadas a se contentar com o que tem. E a vida da nossa gente vai seguindo assim.

    Quando o governo fala em “dar” uma ajuda financeira a trabalhadores autônomos em momentos de crise como a que estamos vivendo, ele apenas cumpre seu papel de levar de volta o dinheiro que pertence ao próprio povo. Como disse a célebre ex-primeira ministra britânica, Margaret Tatcher, “não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos contribuintes”. Simples assim.

    Tatcher diz mais: “O Estado não tem outra fonte de receita que não seja o dinheiro ganho pelo próprio cidadão. Se o Estado gastar mais, só pode fazê-lo se tomar emprestado de sua poupança ou lhe cobrar mais impostos. Não é lógico pensar que outro alguém vai pagar a conta – esse outro alguém é você (os cidadãos).”

    O Brasil tem uma das mais altas cargas tributárias do mundo para sustentar um sistema igualmente pesado. Por isso é muito difícil reduzir impostos e com isso diminuir a arrecadação. Se o dinheiro já ficasse na mão do trabalhador em vez dele ter que passar nas mãos do governo, e o governo então “decidir” como gastar pelo povo, provavelmente teríamos uma nação menos endividada, poupadora e preparada para os momentos de crise.

    Os R$ 600 (ou até R$ 1.200) que aprovamos no Congresso Nacional como auxílio para pessoas que ficaram (e ficarão) sem renda pelos próximos três meses não é um favor, é uma obrigação, um dever que todos os países estão adotando para salvarem sua gente. E ainda é pouco. Neste momento, nada importam as teorias econômicas, os ministros titulados, as convicções pessoais e a coloração partidária. Importa é não deixar o nosso povo morrer de fome.

    Mas temos a partir da crise uma oportunidade de repensar nosso sistema. É o momento ideal de repactuarmos nossa federação e reorganizar nosso sistema tributário. Nós, do Republicanos, defendemos que os recursos devem ficar majoritariamente na ponta, portanto, nos estados e municípios, porque é lá que estão os serviços públicos mais utilizados pelas pessoas.

    O dinheiro do pagador de impostos deve ficar nas mãos dele próprio. Se pelo menos o governo (seja ele qual for) conseguisse de fato executar muito bem e oferecer serviços à altura do que se gasta, faria algum sentido manter o sistema como está. Mas não. Os serviços geralmente são meia-boca, com raras exceções, o cidadão fica sem dinheiro e então damos de cara com um potencial colapso.

    Outra coisa importante: a aposta na desindustrialização do Brasil é um erro, e tem sido um erro ao longo da história recente. Não podemos depender de outros países para produzir equipamentos essenciais – como os de saúde – e de tecnologia. Tomara que a crise da compra dos respiradores da China sirva de lição para os teóricos rentistas de Chicago que sonham com um mundo que de fato nunca vai existir. O Brasil tem que ter sua indústria forte. Mais do que nunca.

    Que Deus abençoe o Brasil.

    Marcos Pereira
    Presidente Nacional do Republicanos
    Vice-Presidente da Câmara dos Deputados

     

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  • Qual a relação entre a pandemia do novo coronavírus e a política?

    Dias turbulentos têm assolado a população mundial, após a declaração da Organização Mundial Saúde (OMS), que informou a existência de uma pandemia do Covid-19. A informação relatada pelo presidente da instituição, Tedros Adhanom, na última quarta-feira (11/03), demostrou a recorrência de 118 mil casos em 114 países, sendo que até aquele momento 4.291 pessoas já teriam falecido em função da doença.

    Diante desse quadro preocupante, mas que não requer pânico, o conceito de pandemia parece ter sido empregado de forma correta e necessária. Esse termo que na sua forma mais simplória, diz respeito a situações em que uma doença infeciosa ameaça a vida de muitas pessoas de forma simultânea em todo mundo. E isso representa muito bem a situação em que vivemos.

    Em meio a esses tristes acontecimentos, muitas são as informações desencontradas que surgem na tentativa de explicar o cenário atual. O problema é que diante de tantas postagens, matérias e vídeos, há também um volume gigantesco de fake news. A título de exemplo, cita-se o caso da morte de mais de 40 pessoas no Irã devido à ingestão de álcool puro utilizado para limpeza, por acreditarem que o consumo desse produto poderia combater o covid-19.

    Certo é, que o problema do novo coronavírus não é mais uma questão restrita à China e à Itália, que se tornou o grande epicentro na Europa. Devemos encarar essa pandemia como uma adversidade global ao qual todos precisam cooperar. Mas, afinal qual seria a relação da pandemia do Covid-19 com a política?

    Existem inúmeras formas de se definir a política. O professor Philippe C. Schimitter[1], em seu artigo “Reflexões sobre o conceito de política”, elencou ao menos quatro formas de compreensão do fenômeno político.  Na visão do autor, a política pode ser definida como a arte de governar o Estado, focando principalmente na questão institucional. A segunda maneira de delinear o conceito de política, diz respeito aos recursos utilizados pelos atores da própria política, podendo ser: o poder, a influência ou a autoridade.  Ainda nessa perspectiva, Schimitter relata que o conceito de política também poderia estar relacionado à ação dos tomadores de decisão que compõem esse campo. Por fim, a quarta e última definição apresentada pelo autor é a que mais nos auxiliará na análise da influência da política na pandemia do coronavirus. Tal forma de descrever a política a qualifica como o único meio pacífico de resolver conflitos de forma não violenta. Todos os demais meios utilizados para se resolver problemas desaguam na utilização de recursos violentos. Dessa forma, a política é algo que se faz com outro, mediante acordos, parcerias e trocas. A política inspira um acordo mútuo entre as partes, ambos precisam de ceder um pouco para se atingir um objetivo maior.

    Ao atribuir ao fenômeno político à função de resolver problemas de forma pacífica, estamos delegando aos nossos representantes a maior parte da responsabilidade na construção de soluções para questões que à primeira vista pareciam intransponíveis. Deve-se chamar a atenção que o papel dos detentores de cargos eletivos, sejam eles o presidente da República, os deputados, prefeitos e vereadores, é colaborar para a resolução de um impasse sempre pensando na coletividade. Ações como essas foram tomadas ao longo da história de outras pandemias que o mundo viveu, por exemplo na Gripe Espanhola (1918-1919) que atingiu até 100 milhões de mortos. Mais recentemente, a Gripe Suína (2009-2010) ceifou a vida de aproximadamente 17 mil pessoas.

    Em momentos de surto como esse é natural que o desespero tome conta da população. E é nessas situações que o poder de resolução pacífica de problemas torna-se ainda mais necessário. Uma das grandes preocupações de todos os países envolvidos é conseguir conter a proliferação do vírus, já que isso poderia gerar um colapso no sistema de saúde. Além disso, cabe aos governantes passar tranquilidade às pessoas para que o pânico não dê lugar a uma crise de desabastecimento de alimentos.

    Embora os representantes de Estado fiquem incumbidos de pensar na coletividade, gerando a paz social, isso não elimina a nossa responsabilidade como mantenedores da condição de cidadania. Em outras palavras, mesmo sendo a cidadania uma condição ligada à nacionalidade territorial, que em alguns casos pode ser adquirida, tal condição deve ser constantemente ativada por meio de ações que diante de uma pandemia requer a preservação da vida individual e de outrem. Portanto, por mais que o governador tome atitudes preventivas como cancelamento de aulas, eventos e aglomerações, cabe ao cidadão pensar em si próprio e no próximo por meio de comportamentos simples como: lavar as mãos periodicamente, usar álcool gel e a etiqueta respiratória, que nada mais é que o hábito saudável de proteção na hora de espirrar.

    Em suma, não há lugar para o desespero. Devemos cumprir com as determinações das nossas autoridades políticas e cooperamos como cidadãos ativos nas medidas que dependem de nós. Certamente se todos colaborarem por meio da atividade política conforme apresentado, sairemos muito fortalecidos dessa pandemia. Inspirado nas orientações do nosso presidente nacional Marcos Pereira, que em sua palavra desta semana presta recomendações sobre o novo coronavirus, “certamente estaremos mais unidos e mais solidários a partir de agora.”

    Núcleo de Estudos e Pesquisas da FRB

     

    Referências

    SCHIMITTER, Philippe C. Reflexões sobre o conceito de “política”.

    Word Heath Organization – WHO. Disponível em:< www.who.int/ >

    BBC News – Disponível em:< www.bbc.com/portuguese/geral-51363153>.

    Portal Republicanos 10 – Palavra do presidente Marcos Pereira. Disponível em: < republicanos10.org.br/noticias/palavra-do-presidente/recomendacoes-sobre-o-novo-coronavirus/>.

    [1] Professor emérito do Departamento de Política e Ciência Sociais da European Universty Institute.

  • Brasil tem desafio de garantir envelhecimento populacional com qualidade

    Profissões ligadas aos cuidados com os idosos são as profissões do futuro, diz vice-presidente do Conselho Nacional da Pessoa Idosa (CNDPI), Bahij Amin Auh Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

    Neste domingo (1º), comemora-se o Dia Internacional do Idoso. A data foi instituída em 1990 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para homenagear os mais velhos e também chamar a atenção para as questões que os envolvem. No Brasil, o desafio é duplo. O país, que era considerado jovem, vive o aumento da expectativa de vida, que está mudando esse quadro. Até 2060, a população com 80 anos ou mais deve somar 19 milhões de pessoas, diz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Até lá, o país tem o desafio de promover a valorização das pessoas mais velhas e garantir políticas para que elas envelheçam com qualidade.

    Vice-presidente do Conselho Nacional da Pessoa Idosa (CNDPI), Bahij Amin Auh afirma que a mudança começa com educação. “O Brasil conquistou a vitória de aumentar a longevidade da sua população. Hoje, vive-se mais – a média de expectativa de vida da população brasileira é de mais de 75 anos. Agora, é preciso um amplo programa educacional, para que toda a população tenha noções básicas sobre o processo de envelhecimento, para que valorize e respeite a pessoa idosa”.

    Hoje, já há previsão legal, inclusive no Estatuto do Idoso, de 2003, para que os sistemas escolares trabalhem conteúdos sobre esse tema, mas, segundo Auh, isso não tem sido feito. Representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ele diz ainda que a promoção dessa valorização passa pela garantia de mais informações para os idosos acerca dos seus próprios direitos.

    Outro desafio do país é aumentar a oferta de políticas públicas que garantam que a população idosa envelheça de forma ativa. “Não adianta um corpo vivo. É preciso que a mente e as relações das pessoas idosas estejam em atividade”, afirma. Uma das questões mais relevantes para ele é a política de acolhimento. Diante de mudanças nas configurações sociais, muitos idosos passaram a ficar sem companhia em casa e sem receber os cuidados necessários, conversar ou contar com o apoio da família para desenvolver atividades.

    Políticas de acolhimento

    De acordo com dados do Sistema Único de Assistência Social (Suas), há, no Brasil, 1.669 instituições de acolhimento de idosos. Muitas pessoas conhecem apenas as instituições de longa permanência, conhecidas popularmente como asilos. Não obstante, existem outros modelos em funcionamento no país, como os centros de convivência, onde idosos que têm autonomia praticam atividades recreativas e aprendem novos ofícios, e os chamados centros-dia, que em geral recebem pessoas que precisam receber algum tipo de atendimento terapêutico.

    Tais opções ainda são restritas e estão concentradas em grandes centros urbanos, mas podem ser saídas para a situação vivenciada por muitos idosos que não têm companhia e também para os membros de famílias que precisam ou desejam trabalhar fora de casa, mas têm responsabilidades com os mais velhos.

    Atualmente, cerca de 60 mil pessoas usam os diferentes serviços de acolhimento existentes, informa a coordenadora-geral de Serviços de Acolhimento do Ministério do Desenvolvimento Social, Nilzarete de Lima. Apesar de o número ser expressivo, Nilzarete diz que ainda há desconhecimento sobre os serviços e também preconceitos. “É muito presente a ideia de que as pessoas acolhidas nessas instituições são aquelas que não têm mais família e que, por isso, o atendimento dado não é adequado e não respeita a individualidade delas”.

    Nilzarete reconhece, contudo, que problemas existem, e diz que tem buscado superá-los. Um problema central é a diversidade de padrões adotados nas instituições, o que está relacionado ao fato de 70% a 80% delas serem ligadas a instituições filantrópicas ou outros tipos de organizações da sociedade civil, explica Nilzarete. O governo federal participa dessa política por meio do cofinanciamento das ações e do estabelecimento de regras de funcionamento.

    Nos últimos anos, o governo atua para reordenar a prestação dos serviços. Superando a antiga concepção assistencialista rumo à afirmação da assistência social como direito, diz Nilzarete, “a gente vem trabalhando com uma política de inclusão dos idosos à comunidade e de reordenamento dessas unidades, para que seja adotada uma nova visão, como política de Estado, de direito e de proteção social”. Em vez de um lugar onde os idosos são abandonados ou de um hospital permanente, ela propõe que as instituições sejam a casas dessas pessoas e ofereçam atendimento humanizado.

    Para promover essa visão, ela ressalta que o Ministério do Desenvolvimento Social participa de uma câmara técnica que, junto com outras pastas, conselhos de direitos e organizações da sociedade civil, objetiva estudar a rede existente e propor esse reordenamento. Financiamento, estrutura dos locais e características dos serviços ofertados são algumas das questões analisadas. “Queremos que as famílias tenham a segurança de que vão deixar alguém no serviço de atendimento, mesmo o temporário, e de que esse parente vai ser cuidado”, afirma.

    Formação profissional

    Outro desafio para que os idosos recebam atendimento de qualidade é a qualificação profissional de quem trabalha com essa população. “As profissões ligadas aos cuidados com os idosos são as profissões do futuro. O envelhecimento da população vai gerar o aumento das oportunidades de trabalho para pessoas que cuidem dos idosos”, alerta Bahij Amin Auh.

    Tal percepção, contudo, ainda não foi absorvida a contento pelas instituições de ensino. Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo, Carlos André Uehara avalia que muitos profissionais em atuação não receberam formação com um olhar gerontológico. Exemplo disso é a abordagem que infantiliza o idoso, que ele considera inadequada.

    Além disso, Uehara explica que o modelo de atenção à saúde atual é baseado na busca da cura de doenças agudas, enquanto cresce o número de idosos que convivem com doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e doenças respiratórias. Nestes casos, o que resolve “não é uma consulta de 2 minutos, que passa remédio e marca retorno – é preciso mais acompanhamento”.

  • Eleições 2020: é tempo de filiar novas lideranças

    Olá, republicanos de todo o Brasil. Uma boa semana para todos vocês.
    Eu quero me dirigir aos presidentes estaduais do Republicanos, aos presidentes municipais.
    Hoje, segunda-feira, que nós estamos postando esta mensagem semanal da presidência, que é dia 9 de setembro, então, portanto, menos de um mês para 4 de outubro, dia do primeiro turno das eleições municipais. Portanto, nós temos um ano e alguns dias para as eleições.
    E é necessário, é importante que vocês, presidentes municipais e presidentes estaduais, trabalhem com afinco, com dedicação, com empenho, para filiar lideranças. Lideranças comunitárias, lideranças empresariais, lideranças jovens, lideranças femininas, lideranças religiosas, para disputar as eleições do ano que vem.
    O Brasil tem passado por transformação, por renovação e isso vai se dar também, penso eu, na eleição de 2020.
    Portanto, vamos acelerar o trabalho aí, para que, em 2020, o Republicanos cresça em qualidade e em quantidade de prefeitos e vereadores, prefeitas e vereadoras.
    O prazo para filiação é março de 2020, portanto, nós temos aí um pouco mais de seis meses para isso. Mãos à obra!
    Um abraço e boa semana para todos vocês.

    Marcos Pereira
    Presidente Nacional do Republicanos
    Vice-Presidente da Câmara dos Deputados

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  • Dia Internacional da Juventude: a celebração da emancipação

    Mais um 12 de agosto chegou! Esta data foi escolhida há 20 anos atrás durante a Assembleia das Nações Unidas e é celebrada em diferentes cantos do mundo. Hoje, sabendo da relevância histórica desta data, propomos uma comemoração em tom de emancipação. E para isso, entendemos a emancipação como um pensamento a ser libertado. Sabemos que a juventude nada mais é do que uma transição para a fase adulta. E é nesse período que a maioria de nós acumulamos a maior carga de energia, força e informação. Diferentemente do que se costuma ouvir por aí, arriscaria dizer que a juventude é o momento em que estamos mais preparados para enfrentar a vida. E é por isso que nessa data propomos a celebração da emancipação de algumas ideias negativas a respeito do que é ser jovem.
    A primeira ideia que precisamos combater é aquela que diz que o jovem é o futuro da Nação. Pelo contrário, a juventude é o presente e também será o futuro da Nação. Pensamentos como esses privam a juventude daquilo que é tão precioso nessa época de vida que é a vontade de agir, propondo que eles só serão capazes de tomar
    boas atitudes e contribuir com a sociedade quando deixarem de ser jovens. Afirmações
    como essas reforçam a ideia de uma juventude totalmente apática que está vivendo o presente, aguardando que alguém tome atitudes em seu nome. E assim, só se despertarão para vida quando tornarem-se adultos por completo.
    Como segunda ideia errada na qual a sociedade precisa se emancipar está aquela que compreende a juventude como sinônimo de inexperiência. Quem nunca ouviu dizer que o motivo da alta taxa de desemprego entre os jovens tem a ver com a
    baixa experiência no mercado de trabalho? De fato isso pode ter sido uma realidade no nosso passado recente. Todavia, a estrutura e a divisão social do trabalho foi transformada na tão falada pós-modernidade. Isso significa dizer que estar preparado para o mercado de trabalho hoje não implica necessariamente em ter a carteira de trabalho coberta por longas passagens em diversas empresas. Atualmente, o que conta muito é o domínio dos recursos tecnológicos disponíveis e isso os jovens cada vez mais possuem experiência de sobra. Qual adulto nunca teve problemas com seu smarthphone e procurou o auxílio de um jovem a respeito de algum aplicativo a ser instalado? E falando em mercado de trabalho, a caneta e o bloco de notas perderam definitivamente lugar para os tablets, softwares e até mesmo os drones. Aparelhos que por incrível que pareça são quase brinquedos nas mãos dos mais novos.
    Outra visão a ser liberta é aquela que representa o jovem como expressão da revolta com tudo que está posto. Para muitos, a juventude significa baderna, falta de ordem. De maneira alguma queremos construir uma juventude silenciada pela mordaça. Vivemos num ambiente democrático, no qual a oposição de ideias é algo essencial. No entanto, acreditamos em uma juventude ordeira que sabe mesclar aquilo que tem de melhor, criando propostas de soluções inovadoras para a comunidade. Por isso, acreditamos que a ferramenta para colocar esse plano de ação em prática é o empreendedorismo. Inclusive, em pesquisa recente realizada pelo IBOPE em parceria com a operadora Vivo, que entrevistou 400 jovens de diferentes regiões do país, foi concluído que empreendedorismo é o propósito de vida de 60% deles.
    Portanto, a palavra-chave para os jovens é a emancipação, pois precisamos acabar com os argumentos de que os jovens não vão adiante em função dos maus investimentos em educação, cultura e lazer. De fato, nossa Constituição assegura todos esses direitos e muito mais. E sem dúvida todos eles são necessários. Todavia, com a nossa curtíssima experiência democrática e com apenas 30 anos de Constituição, já vimos o cobertor ficar bastante curto quando colocamos o Estado como o principal gestor de todas as políticas para essa juventude.
    Em razão disso que insistimos na emancipação dos jovens, não só no Brasil, mas aos jovens do mundo inteiro. É momento de propor algo novo, trabalhar com os recursos disponíveis e inovar com os potenciais que estão às nossas mãos.
    No Dia Internacional da Juventude, celebre a emancipação!

    Renato Junqueira – presidente da Fundação Republicana Brasileira

  • Novos projetos

    Este ano, além de conquistas e realizações, também será de grandes desafios. Projetos que saíram do papel, como a Faculdade Republicana, nos forçaram a saltar degraus mais altos, que incluem a mudança da sede da FRB para um espaço mais amplo e aconchegante, que comporte mais alunos…

  • A renovação que não ficou só nas urnas

    A mudança política que observamos nas eleições de 2018 parece não ter ficado restrita ao deputados e senadores eleitos. Ela também atingiu os espaços de poder e influência na escolha da composição das mesas diretoras, tanto do Senado como na Câmara. A vitória de Davi Alcolumbre (DEM/RJ) para a presidência do Senado representou uma injeção de sangue novo na “velha política” de Renan Calheiros (MDB/AL), que presidiu a Casa por quatro vezes. A sigla que tinha tradição forte à frente do Senado desde a redemocratização
    deu lugar ao inovador.

    Em seu discurso de posse, Alcolumbre (DEM/RJ) demonstrou um tom conciliatório, desvinculando-se do revanchismo e da perseguição a aqueles que pensam de forma diferente. Prometeu acabar com o “segredismo” no Senado, eliminando o conforto do voto secreto. Sua aposta para a condução da Casa será por meio da transparência e o compromisso com a República. Em suas palavras, enfatizou: “precisamos reunificar o Senado da República em torno do que lhe deve ser mais caro: a República e o interesse público” (portal do Senado).

    Na Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também do DEM/RJ, foi reeleito ao terceiro mandato consecutivo com votação bastante expressiva e no primeiro turno, obtendo 334 votos. Maia é, sem sombra dúvidas, uma das grandes lideranças da Câmara e com certeza contribuirá para que o Brasil atinja os seus desafios.

    Juntamente com o deputado Rodrigo Maia, foram eleitos os cargos que comporão a mesa diretora da Câmara até 2021. O deputado federal e presidente nacional do PRB, Marcos Pereira – PRB/SP, foi eleito para o cargo de primeiro vice-presidente da Casa com 398 votos. Isso representa 90 votos a mais do que o necessário para se aprovar uma emenda constitucional. Alguns dos seus objetivos para esse cargo são: cooperar para a formação de uma Câmara forte, produtiva e respeitada. Conhecendo o deputado Marcos Pereira, acredito que os seus anos de experiência não só à frente do PRB, mas como advogado, professor de Direito, e ex-ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, além de seus 10 anos na vice-presidência da TV Record, contribuirá e muito para alcançar os objetivos
    propostos.

    Na qualidade de cientista político e tutor on-line da FRB, eu cumprimento todos os eleitos
    para as mesas diretoras tanto na Câmara como no Senado, torcendo por mandatos bem-sucedidos. Espero que o nosso país retome o crescimento com a direção da nova equipe eleita. Inclusive, a FRB não só acredita nessa renovação política, mas também participou ativamente desse processo que tanto impactou as eleições de 2018, levando a conscientização política aos estados por meio dos seus diferentes cursos e palestras. Assim, esperamos que as reformas tão necessárias ao Estado sejam agora discutidas e
    aprovadas, resguardando sempre o respeito à coisa pública e à família.

    Nós da FRB desejamos um ótimo ano de trabalho produtivo a todos!

    Fábio Vidal – cientista político e tutor do Curso de Política On-line

    Foto: José Cruz /Agência Brasil

  • 2018: o ano da renovação

    O tão esperado 2018 está indo embora a passos largos. Fomos embalados pela ansiedade de ver a seleção brasileira jogar na Copa do Mundo na Rússia e após isso, as eleições tornaram-se o evento mais importante para os rumos da Nação. Novas regras eleitorais foram incorporadas ao sistema político. Menos tempo de campanha para os candidatos apresentarem suas propostas e a extinção do financiamento privado de campanha testaram a capacidade de driblar as adversidades daqueles que lutavam para alcançar o
    poder. Hoje, após os resultados do primeiro e do segundo turno, é possível avaliar que perfis bem diferentes do quadro político tradicional chamaram mais a atenção do povo. A maioria dos eleitores brasileiros relevou que a palavra que resumiu a vitória tanto no Congresso como no Palácio do Planalto chama-se renovação.
    O Senado Federal, que tinha como característica principal parlamentares experientes, também conhecido como a casa sênior do Congresso Nacional, surpreendeu muitos especialistas com a maior taxa de renovação histórica de 87%, assim, 46 dos 54 senadores eleitos são novatos, segundo o portal do Senado. Sabe-se ainda, que de cada quatro senadores que tentaram a reeleição em 2018, três não conseguiram. A eleição nessa casa expressou um ponto de reflexão aos detentores de mandatos. Em outras palavras, os eleitores manifestaram nas urnas que estão verdadeiramente cansados das propostas daqueles que estavam ali até o momento. E portanto, resolveram deixar o usual de lado e optaram por um projeto renovado.
    Na Câmara dos Deputados a mudança não foi muito diferente, segundo os dados da Secretaria Geral da Mesa – SGM, o índice de renovação foi de 47,37%. É a maior renovação desde a Assembleia Constituinte, em 1986. Das 513 cadeiras disponíveis, 234 serão ocupadas por deputados de primeiro mandato. Caberá ao novo governo a tarefa de negociar com 30 partidos diferentes, dos quais se observa que as antigas e maiores agremiações só perderam sua influência. Por outro lado, partidos nanicos e menores ganharam espaço.

    Fazendo uma análise geral dos resultados das eleições de 2018, é possível relatar que o eleitor brasileiro saiu deste processo um pouco mais crítico em relação o engajamento político das nossas lideranças do que no passado. A corrupção, os escândalos e a falta de comprometimento com a população parecem aspectos inegociáveis ao eleitor e o instrumento utilizado pelo cidadão para reivindicar uma política mais transparente foi o voto. De forma mais clara, é como se eleitor optasse por sangue novo na expectativa de que o político eleito entregue resultado efetivos, caso contrário não terá o mesmo apoio na próxima disputa. Inclusive, a FRB e outras instituições democráticas têm trabalhado intensamente para relembrar ao cidadão a importância do voto e conscientizá-lo que saber escolher o seu candidato pode influenciar e muito nos rumos do país.

    Devemos ser realistas a ponto de compreender que a renovação é benéfica, mas também traz consigo grandes desafios, um deles é saber que caberá ao Congresso pouco experiente apreciar temas relevantes à população brasileira em 2019, como a Reforma da Previdência. Portanto, a renovação por si só não adianta. O cidadão deve se apoderar dessa arma preciosa que é o voto popular, mas ao mesmo tempo deve fiscalizar e acompanhar seus representantes. Que a nossa consciência política transcenda às urnas e que lutemos pela renovação do cidadão.

    Renato Junqueira – presidente da Fundação Republicana Brasileira