Na última terça-feira (30), a polícia de Nova York, nos Estados Unidos, removeu os estudantes que manifestavam em um prédio da Universidade de Columbia. Os protestos realizados por estudantes norte-americanos desde o início do conflito entre Israel e Hamas têm como principal objetivo remover os laços financeiros entre universidades americanas e o Estado de Israel.
Algumas tendências importantes podem ser observadas a partir dos desdobramentos das manifestações nos EUA e podem impactar a dinâmica dos movimentos sociais brasileiros.
Um primeiro ponto que pode ser observado diz respeito aos grupos que compõem a massa de manifestantes. Em sua maioria, grupos progressistas, ligados aos movimentos estudantis, professores universitários, movimento negro e a comunidade LGBTQIA+. A composição heterogênea dos movimentos que integram a base de apoio das manifestações norte-americanas demonstra que, por meio da causa palestina, grupos diferentes estão unidos em prol de uma solidariedade ao povo palestino. Tal fato evidencia a capacidade de mobilização que essa bandeira tem no contexto sociopolítico dos EUA e que não necessariamente está ligado apenas a um lado político, seja “esquerda” ou “direita”.
Outra perspectiva relevante com relação às manifestações é a delimitação geográfica desses atos. Até o momento, o que vem acontecendo nos Estados Unidos ainda está limitado a uma questão doméstica, isto é, as manifestações não têm um caráter transnacional, envolvendo o apoio de estudantes e movimentos de outros países. Contudo, vale ressaltar que manifestações semelhantes foram observadas também na Europa e no Brasil, indicando o potencial de uma eventual escalada do movimento em curso nos EUA.
O contexto global das manifestações em relação ao conflito Israel x Hamas permite inferir que a capacidade de mobilização do eleitorado tanto pró-guerra quanto contrário é grande e que há possibilidades de surgir um movimento transnacional com demandas globais que fogem do controle estatal. Vale ressaltar, ainda, que as manifestações nos EUA não estão ligadas às greves em universidades públicas brasileiras, as quais buscam uma reestruturação de carreira e a recomposição do orçamento da Educação e dos reajustes salariais.