As relações de poder ocupam um papel essencial na política, moldando a interação entre atores políticos e influenciando a tomada de decisões. Assim, entender como o poder é exercido, disputado e transformado é indispensável para analisar os processos políticos e seus impactos. Michel Foucault apresenta uma visão crítica e sofisticada sobre o poder. Para ele, o poder não é uma estrutura rígida centralizada em poucos indivíduos, mas uma rede de relações que atravessa a sociedade. Ele enfatiza que o poder não é apenas repressivo, mas também produtivo, operando por meio de práticas disciplinares e estratégias de controle social. Foucault examina as técnicas utilizadas pelo Estado e por instituições para governar e regular a sociedade. Ele ressalta o modo como práticas de vigilância, punição e normalização moldam comportamentos e estabelecem padrões sociais. Dentro do contexto político, o Poder Executivo tem um papel de destaque. Seu exercício envolve estratégias e ferramentas destinadas a consolidar influência e manter controle. Líderes políticos frequentemente utilizam sua capacidade de decisão para direcionar políticas públicas e articular relações com outros agentes políticos. Embora a busca por equilíbrio e separação de poderes seja um pilar das democracias, alcançar esse objetivo nem sempre é simples. Líderes podem tentar ampliar sua influência em detrimento de outros poderes, colocando à prova os mecanismos de controle e fiscalização. Exemplos, como corrupção e clientelismo, ilustram práticas usadas para garantir alianças e submissão de outros atores. Zygmunt Bauman, ao tratar da modernidade líquida, contribui com uma nova perspectiva sobre as relações de poder. Segundo ele, estruturas sociais e políticas estão se tornando mais instáveis e fluídas, desafiando os modelos tradicionais de poder. Nesse cenário, instituições como o Estado- -nação enfrentam dificuldades em controlar efetivamente a sociedade. Na modernidade líquida, a política se torna mais complexa e desafiadora. Estruturas tradicionais frequentemente falham ao lidar com as exigências da era digital, na qual a circulação rápida de informações e a mobilização de grupos alteram a dinâmica do poder de maneira significativa. Compreender as relações de poder na política nos impulsiona a repensar continuamente as práticas e estruturas políticas, buscando construir uma democracia mais forte, participativa e justa. Reconhecer a complexidade e a “fluidez” dessas relações é um passo essencial para avançar em direção a um cenário político mais consciente e transformador. PERSPECTIVAS DO “PODER” NAS RELAÇÕES POLÍTICAS Foto: Freepik.com É graduado em Ciência Política pela UDF, graduando em Ciência de Dados, Pós-Graduado em Assessoria Parlamentar pela Faculdade Republicana e atua como analista político da Fundação Republicana Brasileira (FRB).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 27. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.
DALLARI, Dalmo de Abreu. O poder dos governantes: um estudo sobre as relações de poder no Executivo. São Paulo: Saraiva, 2010.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BAUMAN, Zygmunt. Retrotopia. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
Texto: Gabriel Lana – NEP/FRB