BRB Master: quando o público compra o privado – Conjuntura Republicana Ed. nº 208

BRB Master: quando o público compra o privado – Conjuntura Republicana Ed. nº 208

Em março do corrente ano, o Banco Regional de Brasília (BRB) anunciou o processo de aquisição do Banco Master, fato que gerou repercussões na imprensa nacional e movimentações no âmbito jurídico. A iniciativa reacende o debate sobre até que ponto uma instituição financeira de capital misto, como o BRB, tem capacidade — e motivação estratégica — para realizar a compra de um banco privado.

Criado em dezembro de 1964, o BRB surgiu com a finalidade de captar recursos voltados ao desenvolvimento do Distrito Federal. Atualmente, a instituição é classificada como sociedade de economia mista de capital aberto, tendo o Governo do Distrito Federal como acionista majoritário, característica que a posiciona entre o setor público e o privado no sistema financeiro nacional.

A operação foi aprovada pelo Conselho de Administração do BRB e prevê a aquisição de aproximadamente 49% das ações ordinárias do Banco Master. Com isso, a instituição brasiliense passa a ter direito a voto nas decisões da empresa adquirida, embora sem alcançar poder de veto nas deliberações estratégicas.

Em audiência com deputados distritais, o presidente do BRB justificou que a aquisição integral do Banco Master configuraria um processo de estatização. Segundo ele, ao manter o Master como instituição privada, o BRB preserva benefícios estratégicos, como o acesso à expertise e às tecnologias do banco adquirido.

Mesmo com as justificativas apresentadas, persistem questionamentos sobre o real interesse público na aquisição de uma instituição privada e sobre o risco de socialização de eventuais prejuízos do setor empresarial.

 

Texto: Gabriel Lana (Analista Político do NEP)
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

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