A segurança pública tem ocupado um lugar central no debate público brasileiro, impulsionada por uma crescente percepção de insegurança social mesmo diante da recente redução dos homicídios no país, conforme aponta o Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Divulgado na última segunda-feira (12), o relatório indica que o Brasil registrou, em 2023, a menor taxa de homicídios dos últimos 11 anos (21,2 por 100 mil habitantes), representando uma redução de 2,3% em relação a 2022. No entanto, as pesquisas de opinião recentes apontam a criminalidade como um dos principais fatores de insatisfação e medo entre a população. Segundo um levantamento da Genial/Quaest, o governo federal enfrenta 56% de desaprovação, enquanto a violência lidera a lista de preocupações nacionais, com 29%, seguida por problemas sociais (23%) e pela economia (19%).
O Brasil registrou, em 2023, a menor taxa de homicídios dos últimos 11 anos (21,2 por 100 mil habitantes), representando uma redução de 2,3% em relação a 2022.
Esses dados demonstram que, apesar da queda nos homicídios, a sensação de insegurança permanece elevada. Tal sentimento não se restringe ao número de mortes, mas abrange uma multiplicidade de crimes, como estelionatos digitais, furtos e roubos, intensificada pela maneira como os episódios são divulgados na mídia e pela crescente sensação de exposição da população à violência cotidiana.
Um dado relevante é que, nesta gestão, o governo federal tem perdido apoio em sua principal base eleitoral: o Nordeste. Paralelamente, o Atlas da Violência revela que as regiões Norte e Nordeste concentram os estados com as maiores taxas de o Brasil registrou, em 2023, a menor taxa de homicídios dos últimos 11 anos (21,2 por 100 mil habitantes), representando uma redução de 2,3% em relação a 2022. Foto: Helio Montferre/Ipea 8 CONJUNTURAREPUBLICANA | 11-14MAI2025 | ANO 5 | N°211 Segurança Pública homicídio do país, como Amapá (57,4), Bahia (43,9), Pernambuco (38,0) e Amazonas (36,8). Esses índices ajudam a explicar a insatisfação crescente da população dessas regiões com a atuação do governo. Diante desse cenário, é possível notar que a segurança pública tem um peso considerável na popularidade e aprovação de governos e mesmo indicadores técnicos positivos, como a queda do desemprego, podem ser ofuscados por um ambiente social marcado pela percepção de insegurança. Dessa forma, a superação da crise de segurança no Brasil passa não apenas pela redução das estatísticas de violência, mas pela reconstrução do sentimento de proteção e estabilidade entre os cidadãos, uma condição indispensável para a recuperação da confiança pública.