Recentemente, o governo dos Estados Unidos impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que, segundo o próprio presidente Donald Trump, seria uma retaliação política ligada ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro
Durante a cerimônia de lançamento do pacote de ajuda aos setores taxados pelos EUA, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a ação como “sanção por ser mais democrático que seu agressor”, destacando o caráter unilateral da decisão e a suposta defesa da democracia pelos americanos.
No entanto, a acusação revela uma profunda contradição, já que o histórico dos EUA registra diversas violações de direitos humanos e desrespeito ao devido processo legal, tanto internamente quanto em suas políticas externas.
O Campo de Detenção da Baía de Guantánamo, em Cuba, é um exemplo emblemático dessa contradição. Indivíduos foram detidos por anos sem acusação formal, sem julgamento justo e sem garantias do devido processo legal, sofrendo tortura e tratamentos cruéis, como documentam organizações internacionais.
Além disso, o apoio dos EUA a regimes autoritários, como Arábia Saudita e Catar, mostra que a defesa de direitos humanos muitas vezes é seletiva e subordinada a interesses geopolíticos e econômicos.
A Arábia Saudita, por exemplo, é acusada de perseguição política, tratamento degradante de prisioneiros e silenciamento de defensores de direitos humanos, segundo relatórios da ONU.
Mesmo diante de tais atrocidades, o governo americano mantém uma aliança estratégica com o país, ignorando as violações em prol da estabilidade regional e do fornecimento de petróleo.
Diante desse cenário, a acusação americana contra o Brasil parece mais política do que uma preocupação genuína com a democracia e a justiça.
Os direitos humanos e o devido processo legal devem ser defendidos sempre, e não apenas quando há interesses estratégicos. Essa luta precisa ser uma prática universal e inegociável para todas as nações.
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Texto: Gabriel Lana (Analista Político do NEP/FRB)