Há problemas que são domésticos e que dizem respeito aos brasileiros. Há outros, no entanto, que são desafios globais e interessam a toda humanidade, independente da nacionalidade, e a conferência mundial sobre as mudanças climáticas em Paris faz referência ao maior deles.
Em política, quase tudo se trata de prover condições para que uma ação coletiva aconteça. Por excelência, para que algo assim possa se tornar real, é necessário a existência de objetivos comuns, confiança entre os parceiros, mecanismos de compensação de diferenças entre eles e coordenação de ações.
A demora de um acordo climático se deu pela ausência destes requisitos: ora os países pobres desconfiavam da preocupação ambientalista das nações desenvolvidas, ora os principais poluidores ainda duvidavam da comprovação científica do processo de aquecimento global. O lobby de empresas poluidoras também interferiam no processo de negociação, promovendo a divergência de interesses.
A diferença é que, agora, os desastres e as ameaças climáticas se tornaram grandes demais para serem ignorados. Não por acaso, o presidente americano Barack Obama disse: “Nossa geração é a primeira a sentir os efeitos do aquecimento global. E a última a ter a oportunidade de fazer alguma coisa a respeito”.
A urgência forçou os países a estabelecerem um objetivo comum, criou um patamar mínimo de confiança entre as nações e fez com que alguns aceitassem pagar um custo maior do que os outros, considerando as assimetrias existentes entre os países do globo.
Ainda é muito cedo para comemorar. O cenário não é mais de prevenção, mas de contenção, para evitar prejuízos maiores. Da nossa parte, é importante nos percebemos como cidadãos do mundo e igualmente responsáveis pela busca de soluções, tanto fazendo a nossa parte quanto pressionando governos e partidos para priorizarem sempre estratégias de desenvolvimentos ambientalmente sustentáveis e comprometidas com as gerações que virão.
Paulo Cesar Oliveira – presidente da Fundação Republicana Brasileira