A Lei Federal 12.519 de 2011 oficializou 20 de novembro como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Embora reconhecido como um feriado nacional, a data não é motivo de comemoração, mas de reflexão sobre a luta diária contra o racismo e as inúmeras formas de preconceito e desigualdade enfrentadas pela população negra no Brasil e no mundo.
O Brasil, assim como diversas outras nações modernas, foi construído sob o jugo da escravidão. Durante mais de 388 anos, milhões de pessoas negras foram escravizadas no território brasileiro.
Apesar de ser uma mancha na história, a escravidão deve ser relembrada, pois seus efeitos colaterais ainda estão diretamente ligados à desigualdade e ao preconceito racial contemporâneo.
Atualmente, o Brasil possui a maior população negra fora da África e, mesmo diante desse cenário, onde mais de 55% da população se autodeclara preta ou parda, o racismo resiste como um problema constante nas relações sociais no país.
O sociólogo brasileiro, Oracy Nogueira, em seu artigo, “Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem”, explica que, no Brasil, a intensidade do preconceito varia em proporção direta aos traços estéticos da aparência negra; e tal preconceito é comum mesmo entre os mais fortes laços de amizades ou com manifestações de solidariedade e simpatia.
Na prática, o autor demonstra que os traços negros têm uma certa rejeição por parte do idealismo estético. Desde criança, os brasileiros são ensinados a rejeitar essas características, assim, afirmações, como “cabelo de preto” ou “nariz de preto”, assumem uma conotação negativa na sociedade.
Nogueira também afirma que, diferente dos Estados Unidos, onde o racismo tende a ser emocional e irracional, no Brasil, ele é intelectivo e estético, o que contribui para sua perpetuação na sociedade de forma que muitas pessoas acabam não percebendo o racismo no seu cotidiano.
No Dia da Consciência Negra, não há nada para se comemorar, mas há muito para repensar. O racismo ainda é uma realidade global e, mesmo no Brasil, onde mais da metade das pessoas são negras, o preconceito resiste.
Texto: Gabriel Lana – NEP/FRB