Nem mesmo a maior crise sanitária e econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus impediu que alguns brasileiros abrissem mão do famoso “jeitinho” para levar vantagem. O governo detectou inúmeras pessoas que fizeram o cadastro para receber o auxílio de R$ 600 que não se enquadravam nos critérios emergenciais. Foram identificados jovens de classe média, estudantes universitários, mulheres de empresários, servidores públicos aposentados e outras pessoas que não são o alvo da medida. Até brasileiros residentes de forma ilegal em outros países burlaram o sistema para terem acesso ao benefício. Os casos foram publicados pela imprensa.
Enquanto isso, mais de 10 milhões de pessoas que estão de fato precisando do dinheiro para poderem se alimentar ainda não conseguiram ter seu cadastro aprovado. É óbvio que o sistema precisa ser aperfeiçoado, mas a falta de cidadania também é um mal que assola nosso país.
Essa atitude não deixa de ser um tipo de corrupção. É como todas aquelas outras pequenas corrupções do cotidiano que a gente vê, ou mesmo pratica, e vai ficando por isso mesmo. Parece que só o mal feito dos outros merece castigo. O nosso tem sempre uma justificativa.
Quando a pandemia avançou houve uma corrida às farmácias e supermercados. Diversos itens de uso básico faltaram nas prateleiras nos primeiros dias enquanto algumas pessoas lotavam seus carrinhos sem se preocuparem com a necessidade do vizinho. Faltou (e ainda tem faltado) sensibilidade, solidariedade e empatia.
Políticos têm sim que dar exemplo, mas a população também precisa fazer sua parte. Não se paga mal com mal, mas sim com bem. Só vamos conseguir construir uma nação de verdade quando todos os brasileiros, do maior ao menor, do mais importante ao mais simples, fizerem sua parte. Do contrário, o clima de hostilidade e de irresponsabilidade irá continuar. Não é bom para ninguém viver no ambiente contínuo do “salve-se quem puder”.
Boa semana.
Marcos Pereira
Presidente Nacional do Republicanos
Vice-Presidente da Câmara dos Deputados