Quando a economia entra em crise, muitos países recorrem ao protecionismo, ou seja, dificultam a entrada de produtos estrangeiros para tentar proteger a produção local. Foi o que os Estados Unidos fizeram em 1930, durante a Grande Depressão.
Com a chamada Lei Smoot-Hawley, o governo aumentou impostos sobre milhares de produtos estrangeiros. O resultado? Outros países reagiram com medidas parecidas, o comércio mundial despencou e a crise global se agravou. Esse clima de instabilidade e disputas acabou contribuindo, anos depois, para o início da Segunda Guerra Mundial.
Quase um século depois, o cenário se repete. Com a volta de Donald Trump à presidência dos EUA, o mundo acompanha com atenção o novo “tarifaço” anunciado em abril de 2025. A medida atinge praticamente todas as importações e reacende os debates sobre protecionismo, guerra comercial e os rumos da economia global.
O comércio mundial despencou e a crise global se agravou.
COMÉRCIO INTERNACIONAL: COMO FUNCIONA E POR QUE IMPORTA?
O comércio internacional baseia-se na complementaridade: países exportam o que produzem com mais eficiência e importam o que seria caro ou inviável fabricar localmente. Esse modelo gera empregos, estimula a inovação e sustenta o crescimento global. Quando um país impõe tarifas — tributos sobre importações — encarece o produto estrangeiro. Isso pode favorecer a indústria local, mas eleva preços ao consumidor e gera tensões comerciais.
IMPACTOS SOBRE O BRASIL
Embora o foco seja a China, os efeitos colaterais atingem outros parceiros comerciais, incluindo o Brasil. Produtos, como aço, carne, celulose e café, podem perder competitividade, afetando setores-chave da economia, como o agronegócio e a indústria de base. Além disso, o aumento das barreiras comerciais gera insegurança para exportadores e investidores, dificultando decisões de médio e longo prazo.
GUERRA COMERCIAL E NOVA ORDEM MUNDIAL
As medidas americanas já provocam reações de outros países, que avaliam contramedidas para proteger seus interesses. Esse ciclo de retaliações caracteriza uma guerra comercial. Esse cenário também sinaliza uma mudança na ordem mundial: sai o modelo multilateral, baseado em regras e cooperação, e ganha força um sistema de relações bilaterais, guiado por interesses imediatos — o que tende a favorecer potências e prejudicar economias em desenvolvimento.
Texto: Daniele Salomão e Mariana Pimentel (Consultoras do CAM/FRB)